Publicado originalmente por WEA – Aliança Evangélica Mundial
A diminuição da fé nas famílias, igrejas e na próxima geração é motivo de preocupação entre líderes da igreja global, que participaram de um workshop conduzido pela Aliança Evangélica Mundial (WEA), durante a Assembleia Geral do Conselho Mundial de Igrejas (WCC), realizada em 05 de setembro de 2022, em Karlsruhe, Alemanha. Participaram do encontro bispos, clérigos, evangelistas e líderes leigos de várias igrejas da Europa, Ásia, África e América do Norte.
Na ocasião, foram apresentados estudos conduzidos pelos centros de pesquisas norte-americanos Pew Research, Barna e outros projetos de igrejas que testemunham a realidade de que a fé está em declínio. As pesquisas apontam que adolescentes e crianças em muitas regiões do mundo estão abandonando a fé cristã quando entram no ensino médio e nas universidades. Muitos deles até optam por se tornar ateus e agnósticos, rejeitando a religião dos pais.
De acordo com a perspectiva e o contexto de cada um, os participantes da oficina identificaram uma variedade de explicações para o declínio na fé, mas houve um maior grau de concordância com o crescente “individualismo” e “privacidade”. No entanto, eles não conseguiram identificar nenhum fator específico que pudesse explicar o fenômeno em escala global.
Apenas uma geração é preciso para a fé entrar em declínio
Os facilitadores do workshop, PC Mathew e Lubo, comentaram uma passagem da Bíblia em que se observa um fenômeno semelhante. Uma geração após entrarem na terra prometida, a fé dos israelitas começou a enfraquecer. O sucessor de Moisés, Josué, revelou a Israel as instruções do Senhor, registrada em Deuteronômio 6.1-9. Desde o momento em que seus filhos acordassem até a hora de dormir, eles deveriam transmitir intencionalmente sua fé. Para fazer um efeito eterno em seus corações, os pais foram incumbidos de transmitir a fé, exemplificando-a e compartilhando-a com seus filhos. Uma geração que testemunhou a mão tremenda de Deus falhou em obedecer ao mandato que lhe foi dado, levando ao surgimento de uma geração que não tinha ligação com a fé de seus pais. Juízes 2.10 registra que, assim, cresceu uma geração que não conhecia o Senhor nem o que Ele havia feito por Israel. Leva apenas uma geração para a fé declinar e chegar ao seu nível mais baixo.
Isso enfatiza a necessidade da transmissão intencional da fé dentro do contexto da própria família, com a ajuda da igreja local.
O desígnio de Deus para a transmissão da fé faz da “Casa” o lugar principal, enquanto a “Igreja” a complementa. A igreja ajuda e apoia ativamente os cristãos no cumprimento de seus deveres designados por Deus. A sugestão dos participantes de que o “individualismo” é a raiz do declínio da crença religiosa é bastante válida. Uma criança é deixada para escolher se quer abraçar ou rejeitar a fé com base em sua própria investigação dela. Não é considerado uma diretriz que os pais devem seguir para incutir no coração das crianças. Uma geração que não conhece a Deus por meio de sua vida e experiência, também não poderá transmiti-lo.
A igreja e sua liderança devem focar na necessidade de aumentar a fé como uma missão importante. Eles devem criar estratégias para restaurar a fé por meio da pregação, ensino e capacitação de seus membros para desenvolverem sua própria fé e transmiti-la a seus filhos. As igrejas não terão muito sucesso em suas estratégias para influenciar diretamente a próxima geração se não capacitarem os pais para transmitirem a fé cristã aos seus filhos.
O crescimento da fé não pode ser alcançado com uma abordagem baseada em programas de solução rápida, pois é um problema sério causado pela negligência das gerações anteriores. Este deve ser um processo intencional de oração, arrependimento e renovação de nosso pensamento. Exige que a Igreja deixe de ser “centrada na Igreja” para “centrada no lar”. A fé é alimentada em casa com o apoio da Igreja. Para que os leigos e a liderança da igreja alcancem intencionalmente essa mudança de paradigma, levará tempo.
O objetivo é vislumbrar uma geração que não pereça, mas mantenha padrões mais elevados de Deus em sua vida e testemunho. Não é um chamado para experimentar algum tipo de êxtase pessoal, mas sim o estabelecimento do Reino de retidão e justiça de Deus. É importante que essa visão seja compartilhada por toda a igreja. Prevemos que a discussão iniciada pelo WCC e a WEA incentivarão esforços futuros para colaborar e trabalhar com senso de urgência para redimir a próxima geração de uma eternidade sem Deus.
*Adaptado por Phelipe Reis – jornalista e colaborador de conteúdo para a Aliança Evangélica.
Precisamos desesperadamente transmitir nossa fé para a próxima geração.
Meu Deus, vamos incubir de forma intecional a nossa geração.