ANA LUZ | Publicado originalmente por Editora Ultimato
Juízas, sacerdotisas, rainhas, conselheiras e matriarcas. Em toda a Bíblia as mulheres têm um protagonismo importante não só para a revelação do caráter de Deus em Cristo, o filho de Maria, mas para a remissão de seu povo e transformação de nações. Atualmente, as mulheres vêm ocupando importantes espaços em governos, corporações e em diferentes frentes de atuação em meio a sociedade civil, mas de que forma isso vem se refletindo na composição das lideranças das igrejas evangélicas no Brasil?
O ordenamento ou o reconhecimento de mulheres nas igrejas em funções antes apenas destinada aos homens já é praticada em grande parte das igrejas cristãs nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, igrejas históricas como a Episcopal Anglicana e as Evangélicas de Confissão Luterana ordenam mulheres desde os anos 80. A Igreja Metodista aprovou o sacerdócio feminino no Brasil em 1970, enquanto que a Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (OPBB), entidade ligada à Convenção Batista Brasileira (CBB), recebeu a primeira mulher como membro, em 2014.
Dentre as igrejas pentecostais, a Igreja do Evangelho Quadrangular, fundada por uma mulher (Aimée Mcperson) nos Estados Unidos em 1922, pratica a ordenação de mulheres no Brasil desde sua chegada em 1952. Sendo que a Igreja Assembleia de Deus, maior denominação pentecostal do Brasil, apesar de ser amplamente reconhecida por seus ministérios de oração e visitação sempre liderados por mulheres, só passou a ordenar mulheres a partir de 2011. Já a Igreja Presbiteriana do Brasil não ordena mulheres.
Diante desse quadro de transformações e da realidade do cotidiano de cada igreja, qual tem sido o papel das mulheres dentro de suas comunidades de fé? Qual o lugar de autoridade que lhes é permitido? Quais as peculiaridades de um exercício ministerial assumido por uma mulher? Para falar sobre esse assunto, a live A liderança feminina na experiência das igrejas locais, de Diálogos de Esperança, contará com a presença da pastora da Assembleia de Deus Viviane Costa, que coordena uma rede de acolhimento às mulheres vítimas de violências no Rio de Janeiro e com Fabiane Luckow, que é doutoranda em teologia prática, tendo atuado em função pastoral na igreja luterana de São João (Pelotas, RS). Para Fabiane, “a valorização da liderança feminina, ordenada ou não, não pretende desvalorizar, desqualificar ou deslegitimar a atuação masculina. Trata-se de abrir espaços, ampliar a compreensão da vida comunitária, do serviço e de hermenêuticas bíblicas que contemplem a experiência das filhas de Deus e de seu papel na igreja”, é o que ela ressalta no artigo, que traz o mesmo título da live, publicado no livro Raízes de Um Evangelho Integral, referência teórica e pedagógica das lives de Diálogos de Esperança para o ano de 2022.
Serviço:
- Viviane Costa é pastora pentecostal e coordenadora do iRuah- rede de acolhimento às mulheres vítimas de violências. Graduada em teologia e licenciada em história. Mestre em ciências da religião e coordenadora religiosa de projetos Iser.
- Fabiane Luckow, 41 anos, é musicista, artista visual e teóloga em formação. Mestra em etnomusicologia (UFRGS) e doutoranda em teologia prática (Faculdades EST). Pastora por vocação, atuou em função pastoral na igreja luterana São João (Pelotas,RS) e segue caminhando em comunidade, acompanhando pessoas em processo de mentoria e discipulado. Desenvolve projetos de leitura popular e emancipatória da Bíblia com mulheres, com ênfase em hermenêuticas bíblicas feministas. Professora da área da espiritualidade na FATEV (Curitiba, PR). É pesquisadora nas áreas de culto, liturgia, música, artes e gênero, considerando estes campos a partir da perspectiva da justiça social e da ética do Reino.