No princípio criou Deus: vocacionados para cuidar e amar a criação.
“Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora.” (Romanos 8.22)
No dia 22 de abril ocorreu a Cúpula do Clima 2021, reunião convocada por Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, a nação mais poderosa do planeta. Durante a reunião, cada líder de governo dos países participantes teve três minutos para apresentar suas propostas para o enfrentamento do aquecimento global.
Nos pronunciamentos feitos, ficou evidente que a humanidade precisa mudar a maneira como trata o planeta. O tempo político e econômico difere do tempo da natureza. Governos vêm e vão numa sucessão muito mais rápida que o crescimento de um jacarandá; a mudança de um plano econômico colhe seus frutos mais rapidamente que a recuperação de uma área desertificada. Uma espécie quando extinta não há política que a recrie.
Segundo vários especialistas, a Cúpula ocorre com atraso, e as metas, apesar de serem necessárias, são tímidas. Percebe-se em vários líderes apenas o desejo de procrastinar o enfrentamento da crise climática.
Entre nós [cidadãos? brasileiros? cristãos?], surgem algumas vozes justificando o ataque ao meio ambiente como sendo apenas um jogo político de globalistas. Apontam que a defesa das florestas e dos mares é um meio de impedir o desenvolvimento de nações emergentes. Ou até mesmo apresentam o argumento da destruição generalizada: já que os mais ricos acabaram com suas florestas, os mais pobres também têm o direito de fazê-lo. Seja qual for a justificativa para a realidade climática existe um ponto comum entre as nações, sejam monarquistas ou teocráticas, ditatoriais ou democráticas, capitalistas ou socialistas, ricas ou pobres. Todas, a seu modo e ritmo, destroem a natureza.
E o que os cristãos têm a ver com isso? Não moraremos no céu? Nossas mansões celestiais com vista especial para o rio da água da vida já não estão garantidas? Afinal, no apocalipse, hecatombes naturais e desastres climáticos não são esperados no tempo escatológico? Como dizem alguns: “Tomara que o mundo acabe em morro para eu morrer encostado”.
O Deus da Bíblia é o autor da criação,. No princípio, ele criou todas as coisas ordenando-as harmoniosamente. Criou o espaço e fez os planetas, criou as águas, a terra e toda a sorte de animais e plantas. Não fez de maneira mesquinha, foi abundante de tal forma que ainda hoje, com toda a tecnologia, descobrimos novas espécies.
Para a humanidade, ele deu a ordem de cultivar e guardar o jardim. O homem e a mulher foram formados como coroa da criação para usufruir, dominar e manter a Terra. Nasce no Éden o conceito de mordomia que apesar da Queda, não foi revogado. O homem e a mulher também deveriam nomear os animais, classificá-los, cultivar a terra, utilizar sua sabedoria para cuidar do meio ambiente para o sustento de sua família e descendentes. Nasce no Éden a capacidade de refletir, pensar, testar, pesquisar, fazer ciência – pois para nomear os animais e cultivar a terra é necessário desenvolver a botânica e a zoologia ; para distinguir/estudar as estações a climatologia e a astronomia; para a alimentação e a saúde, é preciso desenvolver a culinária, a química e a farmacologia.
Como cristãos, usamos o conhecimento para cumprir o mandamento divino de amar. Porque amamos a Deus, amamos Sua criação. Porque amamos o próximo, cuidamos da fonte de nossa alimentação e bem-estar. Porque amamos a vida, lutamos por ela a defendemos em todas as suas instâncias.
Sejamos responsáveis, engrossemos fileiras com os que defendem a vida com argumentos científicos. Temos uma tradição respeitável de cientistas cristãos como Gregor Mendel, Isaac Newton e atualmente Francis Collins. Existe todo um campo a ser desenvolvido na utilização de tecnologias limpas, sustentáveis. Incentivemos vocações científicas na defesa da criação divina. Que nossos jovens gastem sua vida na missão de salvar o planeta.