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Carta Aberta da Aliança Evangélica Brasileira sobre os desastres causados pelas chuvas no Brasil

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A Aliança Cristã Evangélica Brasileira, que reúne representantes de diferentes igrejas e organizações cristãs evangélicas, manifesta profunda preocupação diante dos desastres cada vez mais frequentes causados por fortes chuvas nos últimos anos no Brasil. A intensificação de eventos climáticos extremos tem impactado com prejuízos significativos, especialmente, as populações mais necessitadas, em diferentes regiões do país. A situação impõe que o poder público, em todas as esferas, implemente e amplie com urgência políticas públicas eficazes para prevenir essas tragédias e assegurar ajuda às populações mais vulneráveis.

Desastres causados pelas chuvas têm ocorrido num ciclo previsível a cada ano, provocando destruições, grandes perdas e dezenas de mortes, colocando as populações mais necessitadas em situação de maior vulnerabilidade, sofrimento e desesperança. Um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) apontou que, nos últimos dez anos, desastres naturais causaram 1.997 mortes, prejuízos de mais de 400 bilhões em todo o Brasil e obrigaram 3,4 milhões de pessoas a abandonarem temporária ou definitivamente sua habitação. [1]

Observando o cenário com atenção, a situação se mostra ainda mais grave e preocupante, uma vez que a realidade nacional, marcada historicamente pela desigualdade socioeconômica, coloca milhões de brasileiros em situação de risco iminente. De acordo com dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), cruzados com o censo de 2010 do IBGE, estima-se que pelo menos 10 milhões de pessoas morem em áreas de riscos associados às chuvas, como deslizamentos de terra, enchentes e alagamentos. [2]

É importante destacar que fenômenos climáticos e meteorológicos extremos – aqueles que ocorrem em volume intenso e fora dos níveis considerados normais – tem se tornado cada vez mais frequentes e intensos. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a crise climática alterou essa dinâmica e multiplicou por cinco a ocorrência de eventos climáticos extremos em todo mundo, nos últimos 50 anos. [3]

Embora episódios como estes estejam cada vez mais comuns, é impossível nos acostumarmos ou ficarmos indiferentes ao assistirmos cenas de casas sendo destruídas por inundações, moradias e famílias inteiras sendo soterradas, pessoas perdendo tudo da noite para o dia. As Escrituras Sagradas orientam o povo de Deus a chorar com os que choram (Romanos 12.15) e a amar ao próximo como a si mesmo (Mateus 22.36). Por isso, motivados pelo amor e em espírito de unidade, obediência e serviço, a Aliança Evangélica Brasileira busca ser uma resposta ao clamor dos que sofrem nessas tragédias, com ações de ajuda prática, para que essas pessoas possam voltar a ter esperança, dignidade e a possibilidade de sonhar com um futuro melhor.

Neste sentido, a Aliança Evangélica tem sensibilizado igrejas e organizações cristãs, mobilizado recursos e mão de obra voluntária, para levar socorro emergencial em episódios como o que atingiu o sul da Bahia, em dezembro de 2021, Petrópolis, em fevereiro de 2022 e o mais recente no litoral norte de São Paulo, em fevereiro de 2023.

Sabemos que o problema é complexo, contudo, diante das tristes cenas de destruição que temos observado, dos dados e previsões feitos por cientistas e órgãos de monitoramento, a Aliança Evangélica acredita que é responsabilidade do Poder Público, nos níveis Federal, Estadual e Municipal, a implementação urgente de políticas públicas mais eficazes, não apenas para assegurar ajuda às populações atingidas, mas, sobretudo, para prevenir essas tragédias, com a devida aplicação dos recursos públicos e ampliação de investimentos em programas e projetos, como de contenção de encostas nas áreas urbanas, no sistema de drenagem e manejo de águas pluviais. Ao mesmo tempo, é fundamental uma mudança radical nas estruturas das cidades, com uma reforma urbana que garanta moradia digna e segura a toda população e retire das áreas de risco as pessoas que vivem ali, de maneira que tenhamos cidades menos desiguais, mais acessíveis e sustentáveis.

Nós evangélicos, denominações, igrejas e organizações representados pela Aliança Evangélica Brasileira, nos solidarizamos com os brasileiros e brasileiras vítimas dessas tragédias; oramos à Deus pedindo consolo aos enlutados e esperança aos sobreviventes; e nos colocamos à disposição da sociedade para buscarmos juntos por soluções, enquanto continuamos servindo incansavelmente no socorro e cuidado aos mais vulneráveis, vítimas de desastres e emergências em todo o nosso país. Serviço este, fruto do exercício da unidade evangélica.

São Paulo, São Paulo, 13 de abril de 2023

Conselho da Aliança Cristã Evangélica Brasileira


Fontes:

[1] https://desastres.cnm.org.br/noticias/ler_noticia/65261

[2] https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2022/02/23/brasil-tem-10-milhoes-de-pessoas-vivendo-em-areas-de-risco-mostra-pesquisa.ghtml

[3] https://www.greenpeace.org/brasil/imprensa/efeito-da-crise-climatica-2023-inicia-com-fortes-chuvas/

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