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As novas realidades da missão cristã: qual a agenda?

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“Missão tem a ver com a realidade humana a qual somos chamados a responder como cristãos”

“As novas realidades da missão cristã: desafios e oportunidades” foi o tema da live do Diálogos de Esperança realizada no último dia 23 de maio de 2023. A empreendedora social Débora Fahur e o missiólogo Marcos Amado foram os convidados dessa edição intermediada por Claudia Moreira e Valdir Steuernagel.

Missões para fora

A agenda missionária é muito ampla e dinâmica, como bem lembraram Débora e Marcos. Débora destacou, porém, duas causas que assumem um caráter de urgência para a igreja brasileira: a exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes e a crise migratória. Em ambos os casos, para Débora, a igreja tem um papel fundamental de acolhimento e cuidado. “Estamos falando de duas causas que fazem a igreja florescer em seu chamado”, ressalta Débora, citando alguns exemplos positivos disso, como o da Primeira Igreja Batista de Santo André (SP), que instaurou durante o culto de domingo (17 de maio) o 3° Fórum de Combate à Violência contra Crianças e Adolescentes. Pensando na abrangência global, Marcos também listou alguns desafios específicos para a missão da igreja como: o fortalecimento do Islamismo, do Budismo e do Hinduísmo; a urbanização e as megacidades; e a secularização.

Amado ressaltou que tanto os desafios locais quanto os globais fazem parte da Missão de Deus. Ele lembrou que há igrejas em outros países, como Egito, Malásia e Líbano, que enfrentam os mesmos desafios que a igreja brasileira com a questão dos refugiados. “No meio desse caos, ao invés de tentar definir o que é missão, o que eu tenho me perguntado é: o que Deus espera de nós nesse lado da eternidade? De que maneira eu posso glorificar a Deus, deixando os valores do reino por onde eu passar? Ou seja, ser um embaixador fiel daquilo que Deus colocou em nossas mãos”.
“Missão não é uma questão simplesmente de geografia. Missão é aqui e é lá. Missão tem a ver com a realidade humana a qual somos chamados a responder como cristãos”, afirma Valdir.

Missões para dentro

Para cumprirmos a missão que Deus nos deu, no entanto, é inevitável prestarmos atenção nas transformações que o Cristianismo vem sofrendo em escala mundial. “Mais cristãos se reuniram na China do que em toda a Europa no domingo passado”, ilustrou Marcos Amado para explicar como a igreja vive uma mudança de paradigma no cenário mundial. “Há uma teoria que diz que quando estamos na transição entre um paradigma e outro, o que acontece nesse período é um momento de caos, de incerteza”. Ele ressaltou que, a partir desse quadro mais amplo, o Cristianismo está sofrendo mudanças muito rápidas em várias partes do mundo, muitas delas provocadas pela tecnologia. “Podemos dizer que hoje o Cristianismo não é ocidental, mas sim mundial, e não estamos enviando missionários preparados para lidar com esse novo contexto”, critica Amado.

Diante disso, o desafio da unidade continua sendo imenso. Claudia lembrou do Encontro de Reflexão Missiológica “La Misio Dei em Nuevos Tiempos en Clave Latinoamericana”, realizado de 2 a 5 a de maio, que reuniu cerca de 100 líderes cristãos de 18 países da América Latina em Bogotá, capital da Colômbia. O rumo dos diálogos no evento deixou claro que o caminho de construção de uma igreja unida ainda é longo, e não terminou. “Nesse evento fomos desafiados a continuar falando sobre a ‘missão para dentro’, ou seja, sobre a unidade, que tem tudo a ver com aprender a fazer junto. Como unir a prática da missão com a da unidade?”, pergunta ela.

“Eu gosto muito do trabalho em rede que traz em seu conceito dois princípios: da unidade e da diversidade. Ou seja, para que exista rede, precisa haver também diversidade. É na diferença que aprendemos e crescemos”, reforça Débora. Ela trabalha há décadas com a formação e desenvolvimento de redes cristãs temáticas, como a Rede Mãos Dadas e a RENAS, que nesse ano completa 20 anos. Fahur também faz parte do Comitê Gestor do Movimento “Como Nascidos entre Nós”, uma rede recém-formada com o objetivo de reunir organizações e igrejas cristãs em torno da causa do refugiado no Brasil. Débora lembrou o texto de Filipenses 2.1-5, que foi lido diariamente no Encontro de Bogotá. “Essa passagem bíblica nos ensinou a considerar humildemente o outro superior a nós e a cuidar não somente dos nossos interesses, mas também dos interesses dos outros. Ou seja, aprenda a viver nas diferenças, valorizando cada pessoa”.

Para Marcos, carecemos de humildade. “Pensando nesse momento da igreja brasileira, se nós não tivermos, em primeiro lugar, humildade teológica e denominacional, não conseguiremos continuar criando bons exemplos de unidade. Por que existe essa polarização tão grande hoje entre os cristãos? Porque nossa lista de ‘inegociáveis’ está ficando muito grande. Aquilo que deveria ser periférico está se tornando doutrina central; ideologias estão sendo transformadas em pontos teológicos; e teorias sociais e econômicas passaram a ser vistas como doutrinas bíblicas. Estamos nos esquecendo que se não mostrarmos amor e unidade, nós não conseguiremos ser verdadeiramente testemunhas fiéis do Senhor Jesus Cristo. Apesar desse cenário, ainda temos esperança porque cremos que o Senhor está envolvido nisso”.


A live na íntegra:

Assista, na íntegra, à live “As novas realidades da missão cristã: desafios e oportunidades” aqui.


Próxima live: mudanças climáticas e as tragédias:

A próxima live do Diálogos de Esperança ocorrerá no dia 06 de junho de 2023, às 19h, e terá como tema “Mudanças climáticas e as tragédias: qual o papel da igreja?”.


Playlist do Diálogos de Esperança:

Assista a todas as lives já realizadas aqui.

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